Você acorda e olha para a janela. O Sol que há pouco nascera atrai os
olhos teus. Ele brilhará durante todo o dia e você encaminhará a vida
durante as breves horas que passarão. Como é bonito teus olhos recém
acordados à luz do dia, marrom claro cor de noite bem dormida. Você
levanta tonto. Sonhar tanto às vezes causa-lhe vertigens, porque não lhe
basta sonhar em vida, parece-lhe mais cômodo sonhar de ombros deitados,
com a verdade desarmada, bêbada demais.
Pequenos tropeços em
pés ainda deitados. Levanta-te e sente sede de molhar a garganta e
objetivar o próximos segundos. Tens refletida na própria pele o que te
rodeia, e tens nas mãos o que pretendes. Caminha ainda sonolento em
direção ao banheiro, onde o reflexo da face te põe diante à realidade do
mesmo ambiente rosa-alaranjado, de azulejos antigos e de vida
distorcida.
O café é forte como te convém. Te espera a cozinha
vazia, ouves vozes ao longe, e observa as velharias no ármário. A casa
parece-lhe grande demais assim como o vazio que trazes de longas datas e
ali impusera. Agarra a orelha da caneca bonita, olha fixamente para um
aleatório ponto na parede e engole a vida em largos goles. Abandona a
louça com desprezo á pia, e estabelece o hoje enquanto caminha de volta
ao quarto, sem conclusão alguma.
As flores que tentou cultivar
não vingaram. O velho computador demora a ligar. O calor lhe sufoca. O
seu amor foi embora. O coração revigora, e a mente diz que vai melhorar.
Deita-te novamente adiando os compromissos e descansa como se fosse
eterna a vida, e ao teu lado o gato robusto se delicia sob aconchego que
transpira e com a eterna calma de quem nada perdeu.
O dia é longo mas a vida parece-lhe passar depressa. Assim sucede: e
delonga, e se apressa o dia todo, aquele dia. Adormece novamente e
revive o inexistente. Os devaneios em sono pesado, as lembranças ainda
lúcidas e as perspectivas, aquilo que aqui personifico mas que não
possui forma alguma.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
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